Oito da manhã ela começa. Oito não, oito e quinze, às vezes vinte. Mas toda terça-feira ela começa.Uma voz aguda, incessante, simplesmente não pára. O assunto? Depende de um monte de coisas. Depende da disposição dela para divagar. Fala sobre o ministro Fulano de Tal, a estrutura dos partidos, coisas às vezes óbvias sobre o jornalismo.
Essa voz dá sono, dispersa qualquer um que se disponha a tentar prestar atenção. Ela ecoa nos ouvidos de todos, mas fica na cabeça de poucos. Até os sempre mais concentrados acabam "voando" enquanto essa voz ressoa na sala fechada.
Ah! A voz não respeita limites de horário. Começa sempre atrasada. Termina depois do que deveria e poderia. As pessoas acabam indo embora antes do fim. Ela também não tem necessidade de descanso. Por vezes uma rápida respirada entre uma palavra e outra, ou uma pequena pausa para reorganizar as idéias. Mas sempre de forma muito rápida.
Essa voz também não gosta de pessoas saindo da sala. Só que ela não entende que poucos agüentam ouví-la ininterruptamente, a gente precisa de um descanso dessa voz. Ela nos trata como crianças, alunos de ensino fundamental, ou até mais novos, que ainda chamam a professora de "tia".
Infelizmente não temos escolha. Ouvir essa voz é o nosso destino. Tudo por causa de um fêmur quebrado. Mas essa tortura, pelo menos, tem dia e hora pra acabar, não é pra sempre. Aliás, falta pouco pra chegar ao fim! Só espero que janeiro não demore muito a chegar e passar também.
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