"Soco, soco, bate, bate, soco, soco, vira, vira..." cantavam duas meninas nos bancos à frente. "A de amor, B de baixinho, C de coração..." canta uma mãe com seu filho no banco de trás. Do lado de fora do ônibus, um céu que lembra o de casa, mas no lugar do concreto, é a vegetação que desenha o horizonte. Não sei se cerrado nativo ou Amazônia desmatada, bastante comum no Mato Grosso e em Rondônia.
Pôr-do-sol da minha janela
O sol já se foi, muito belo ao se pôr. As estrelas apenas começam a despontar no céu azul profundo. Nessas já 25 horas - na verdade, quase 26 - de viagem desde Brasília, diversas pessoas passaram por esse lar temporário, que circunda a poltrona 18. A bem da verdade, neste momento também ocupo a cadeira 17, numa tentativa de achar uma posição mais confortável para dormir.
Gostaria de saber a temperatura lá fora. Aqui dentro, o ar condicionado me faz vestir casaco. Na próxima parada eu descubro. Quero saber também a quanto tempo estou de Vilhena. A princípio, mais umas quatro horas.
O ônibus é momentaneamente tomado pelo cheiro da fumaça, vinda do fogo à beira da estrada. Fora disso - e das lâmpadas dentro do ônibus - tudo é um lindo breu, que caiu enquanto escrevo. Por enquanto acompanho a busca dos companheiros da fileira de trás pela lua e seus soldados, as estrelas. Para facilitar, apago minas luzes também.
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