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04 novembro 2010

Eu disse que não discutiria mais isso, mas...

... mas às vezes eu simplesmente não me contenho, e sinto necessidade de falar. Ou escrever, o que é mais provável e mais fácil também.

O fato é que, para onde quer que eu olhe, o que mais vejo é a concordância com tudo o que o nosso ainda presidente fale. Há discordância, claro. Mas às vezes são tão fortes os olhares de reprovação para aquele que fala mal do Lula que se forma o que, na Comunicação, estudamos como "espiral do silêncio". Essa, aliás, sempre foi das minhas teorias favoritas na comunicação socual. E ao meu ver se aplica tão bem ao que tem acontecido!


Confesso que ultimamente tenho lido muito o blog do Reinaldo Azevedo, na Veja.com. Direitista? Sim, bastante, mas eu também cresci pendendo mais para a direita do que para a esquerda, politicamente. (Isso a despeito de ter cursado a faculdade de Jornalismo na Universidade de Brasília.) E recomendo a leitura. Mas não fique só com ele.

Eu mesma estou à procura de boas leituras com as opiniões "do outro lado". Quem tiver sugestões, por favor! E como eu gostaria que mais pessoas fizessem o mesmo. Não importa de que "lado" você se encontra no momento. E não só para conhecer os argumentos que pretende combater (será que chega a tanto?) até as próximas eleições.

Gostaria mesmo de poder dar uma contribuição maior à luta contra esse espiral que se forma. Explico. Lula é praticamente venerado por boa parte da população. Negar que as políticas sociais melhoraram a qualidade de vida de muitos brasileiros? Não. Mas o fato é que, com Bolsa Família e afins, o presidente se tornou praticamente Deus. A oposição, temendo ser transformada para sempre no diabo, em representantes do atraso, do retrocesso, prefere não criticar tanto assim o presidente, mesmo quando ele fala bobagens. Ou fere toda a nossa legislação. (Convenhamos, Lula e Dilma, e todo o PT, estavam em campanha aberta para quem quisesse ver desde... é... nem lembro desde quando, tanto tempo que já faz.)

Como a oposição não se opõe com veemência, não existe tanto respaldo assim na população para as suas ideias. Sem respaldo, não havendo quem as defenda e dissemine sem medo de ser feliz (e, claro, sem insultar a democracia), a oposição (a ideia, não as pessoas) fica sem voz, praticamente não existe, não tem força alguma.

Esse é o processo que, creio, deveríamos tentar interromper. Democracia se faz, também, quando decidimos manter o governo que está posto. Mas se faz, principalmente, na livre apresentação e discussão de ideias. Dando espaço para que todos falem sem virarem demônios, representantes de todo o mal que o país já sofreu. Até porque, uma boa parte dos políticos que estão aí e que ficam guerreando entre si, já estiveram praticamente do mesmo lado, lutando das mais diversas formas para derrubar uma ditadura (tudo bem que vários deles queriam é implementar um outro governo ditatorial... mas isso não vem ao caso agora).

Defendo, sim, que todos possamos ter amplo acesso a todos os argumentos. E que saibamos ouví-los (ou lê-los) de forma respeitosa e realmente interessada. Para, quem sabe, podermos admitir que o outro está certo. Ou, no mínimo, tem boas razões para preferir estar "do outro lado"...

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