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17 maio 2005

Por aqui você não passa!

Há dias em que tudo conspira contra aqueles que querem se locomover pela cidade. Não importa quão urgente seja o nosso compromisso lá no final da Asa Sul, se já estamos em cima da hora e ainda não saímos do Setor Bancário Norte. Sempre há algum evento mais importante ocorrendo em Brasília.

Semana passada, todos puderam testemunhar o caos que estava a Zona Central. Ninguém conseguia passar de forma tranqüila da Asa Sul para a Asa Norte, ou vice e versa. Engarrafamento em Brasília, por incrível que pareça. Tudo isso, por causa da tal da Cúpula Árabe. Estavam por aqui importantes chefes de governo, vindos de alguns países, com os quais o Brasil mantém relações comerciais. Foi tanto reboliço, que até o Correio Braziliense noticiou: era um esquema policial grande, e caro, demais para cúpula de menos. E pensar que até ponto facultativo ganhamos por causa do trânsito péssimo!

No entanto, engana-se quem pensa que esta está sendo uma semana muito mais tranqüila no trânsito brasiliense. Desde o final de semana, o motivo já estava sendo anunciado: MST à vista. Os sem-terra resolveram vir protestar na capital federal. E uma coisa a gente já sabe: onde tem sem-terra, tem protesto, ruas fechadas, passeata, congestionamento.

Se semana passada, os problemas no trânsito ficaram bem longe de mim, não posso falar a mesma coisa dos sem-terra. Não, não pude passar para a avenida L2 Sul. Pelo menos, não pelo itinerário convencional. O ônibus, um grande circular, teve de contornar a rodoviária e passar pelo Setor de Autarquias Norte até retomar seu trajeto usual. Até que para mim isso não foi tão ruim assim. Meu destino era a sede 1 do Banco do Brasil; acabei descendo bem do lado.

Contudo, não é por isso que vou agradecer aos nossos digníssimos protestantes do Eixo Monumental. O fato de eu ter ganhado com o congestionamento que causaram não garante que a maioria das pessoas tenha tido a mesma sorte. Pelo contrário, a maioria deve ter é sofrido com isso.

Quero só ver quantas vezes mais, por qualquer motivo que seja, os cidadão de Brasília terão que dar de cara, inadvertidamente, com uma barreira que simplesmente lhes diz: por aqui você não passa, encontre outro caminho.

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