Páginas

23 novembro 2008

Você também alguma vez já sentiu?

Você alguma vez já sentiu uma vontade louca de escrever, colocar no papel, ou num arquivo .doc, todos os pensamentos que enchem a mente ao mesmo tempo?

É a lembrança de alguém querido, ou a preocupação com quem está longe. É a alegria de uma conquista e a ansiedade por um resultado. É a vontade de ver alguém e o desejo de ser notado. A ânsia por estar com aquela pessoa e a dúvida se isso é correspondido.

É a frustração por uma coisa que não deu certo e a esperança das novas oportunidades que chegam com cada amanhecer. É um ribombar de idéias e sentimentos que se misturam e muitas vezes se confundem, também.

É o sono chegando sem a vontade de dormir. Querer estar só e sentindo um cafuné gostoso, tudo ao mesmo tempo. É não dar descanso pra mente e também querer ouvir o vazio dos próprios pensamentos. É ver um filme passar em frente aos seus olhos fechados e sonhar que está acordado.

É sentir-se simultaneamente apaixonado e buscando um amor para chamar de seu.

Você também já sentiu uma vontade súbita de escrever?

É aquela hora em que não se pára nem pra colocar os óculos, o papel fica pertinho do rosto e a letra, o maior e mais redondinha possível, pra se conseguir distinguir as letras e as linhas, apesar da miopia e do astigmatismo.

É quando a gente não se preocupa com pontos, vírgulas, oxítonas, paroxítonas ou proparoxítonas. Também não estamos nem aí se vai rimar ou não, se vai ficar poético ou será prosa. Não escrevemos versos ou narrativas, nem dissertação ou descrição.

Pouco importa se alguém vai achar bonito, profundo, inteligente. Se é que alguma alma caridosa vai querer ler e compartilhar alguns jorros d'alma.

Tem certeza de que você já sentiu uma vontade incontrolável de escrever?

Se já, você sabe como é sentir as palavras vindo sabe-se lá de onde, ouvi-las passando pelo pensamento e vê-las se materializando, seja numa folha de caderno, na tela de um computador ou no LCD de um celular. Seja em um simples rascunho sem o menor sentido – que vai acabar parando em um blog qualquer -, em uma declaração de amor ou numa mensagem para um amigo.

Então você conhece o prazer de não abreviar palavra nenhuma, sentir o sabor de cada letra desenhada. Então lhe agrada o prazer de virar uma folha, duas, três, quantas forem necessárias (como estou prestes a... como fiz agora pela segunda vez desde o início) para completar o raciocínio nem sempre lógico. E perceber que isso só foi possível depois do sofrimento de encontrar, escolher a primeira frase, a primeira palavra.

Então você sabe como é escrever simplesmente por escrever, sem se preocupar se algum dia esse amontoado de idéias vais ser publicado em algum lugar. Sabe como é pensar que alguém pode ler, algum dia, e se perguntar “será que vão gostar?'.

Essa é a vontade irreparável de escrever.

Se você já sentiu, ou se ainda sente, não tente controlar, quiçá educar para o bem. Basta papel e caneta. Não precisa tecnologia, nem tempo, nem sabedoria, nem mesmo muita dedicação.

Encontre a primeira idéia. Ou melhor, receba com carinho a idéia inicial – e write it down que o resto vem, nem precisa ligar o semi-automático.

Você vai ver que é fácil ceder a essa vontade irresistível de escrever.

Pulando uma palavra, substituindo outra, corrigindo uma letra torta com um rabisco por cima, apertando os olhos para ver melhor na ausência dos óculos, e logo, logo você também vai estar a seis linhas do fim da página de pauta estreita e linhas finas, no formato maior um pouco que o A5, exatamente como eu estava há três linhas.

Um comentário:

leylelis disse...

Sim, sei o que é isso.
Nessas horas a gente não escreve, transpira palavras.

Depois, a gente volta, dá uma lida, diz que tá bom,acha ruim, acha bom, mas o mais importante que a gente sabe que aquele texto é nosso. Independente se foi bom ou ruim, a graça é ter soltado a caneta. E o que alguns poderiam chamar de prolixidade, a gente chama de alívio.

Que bom saber que o Something ainda funciona. :) Muito bom!