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21 fevereiro 2006

Saiu no JB - para os que ponderam demais

O inconsciente resolve pelos indecisos
Pesquisa mostra que não adianta ponderar demais
Claudia Bojunga
[21/FEV/2006]

Aos eternamente indecisos, uma dica: não é aconselhável ponderar durante horas as vantagens e desvantagens das opções disponíveis. Para fazer difíceis escolhas, segundo uma nova pesquisa da Universidade de Amsterdã, na Holanda, o ideal é não se preocupar, delegando a tarefa ao inconsciente.

De acordo com o estudo, que acompanhou pessoas comprando carros, roupas e mobílias, o melhor a fazer é pensar em outro assunto. Por exemplo, ao resolver entre dois lugares para viajar de férias, uma idéia é deixar o problema de lado durante 48 horas. Até que o nome do destino selecionado surja mentalmente.

Durante o trabalho, os cientistas fizeram vários experimentos. Em um deles apresentaram uma lista com 12 aspectos a ser considerados em relação a carros. Enquanto a alguns voluntários foi pedido que refletissem por alguns minutos, outros ficavam o mesmo tempo entretidos resolvendo anagramas.

Um maior número de pessoas que faziam parte do segundo grupo decidiram por melhores carros, comparando-se ao primeiro.

Mas o resultado é válido apenas quando muitos fatores estão envolvidos. Quando o mesmo experimento foi realizado com quatro características sendo oferecidas, os indivíduos que fizeram escolhas racionais foram mais bem-sucedidos.

Utilizar o método da intuição funciona melhor para decisões complexas, explica o pesquisador Ap Dijksterhuis.

A equipe também analisou o comportamento de participantes no comércio. Uma parte tinha feitos compras em uma loja de roupas, a Bijenkorf, e outra que vende móveis, chamada IKEA. Esta última possui artigos que envolvem mais aspectos a serem levados em conta.

Como era esperado, os consumidores que compraram na IKEA com base em um impulso se mostraram muito mais satisfeitos com o produto semanas depois. Já os que passaram pela Bijenkorf ficaram mais realizados, quando pensavam com mais calma sobre o assunto.
''Quanto mais se reflete sobre a decisão conscientemente, menos tempo resta para pensar na mesma decisão inconscientemente (ou seja, sem atenção)'', explica o artigo dos pesquisadores publicado na revista Science.

Ainda não se conhece como o inconsciente age nesse processo. Mas uma das razões que levam a intuição a funcionar é o fato de a nossa consciência ter capacidade para apreender apenas um número limitado de informações. Além disso, existe uma tendência a dar importância equivocada a determinados atributos, o que levaria a uma escolha menos acurada.

A pesquisa, explica, por exemplo, por que profissionais como médicos e bombeiros, podem tomar as melhores decisões rapidamente.

Mas os cientistas alertam que não se deve assumir a decisão impulsiva deliberadamente. Tomar posições políticas, mudar de estado civil e optar por determinada profissão são escolhas que devem ser feitas de forma consciente.

20 fevereiro 2006

Só uma pitada de orgulho e outras coisinhas

Eu não gosto de falar de dinheiro com meu pai. Nem ele gosta desse assunto também. Com minha mãe, já acostumei. Mas o que eu não gosto é que, normalmente, quando o assunto em pauta é dinheiro, é para pedir dinheiro, ou cobrar dinheiro, ou qualquer coisa do gênero.

Pedir dinheiro, seja para pai, mãe, tios, avós, namorado, amigos, quem quer que seja, é sempre constragedor. Pegar um empréstimo pessoal com conhecidos mexe, sim, com o nosso orgulho. Bom, com o meu, pelo menos, mexe.

Não tenho problemas em pedir favores. Acostumei, principalmente pelo fato de morar sozinha, longe dos familiares, sem carro. Se já me chamavam de serrona no colégio, por pedir carona de vez em quando, imagine como não me chamariam agora que estou dependente de caronas, nas mais das vezes!

Dependência. É essa a palavra que descreve muito bem o porquê, talvez, de eu não gostar de pedir dinheiro. Pedir um favor, que não dinheiro e não para papai e mamãe, é bem mais fácil, pois normalmente o motivo é transitório. Eu não tenho um carro AINDA.

Pedir dinheiro é diferente. Para os pais mais ainda. Pedir dinheiro, quando se recebe mesada, mostra que você não soube administrar seus recursos adequadamente. Quando se mora sozinha há dois anos, reconhecer isso faz mal para o ego. Sem falar no fato que a coisa não tá fácil para ninguém. Será que não estou explorando meus pais?!

Enfim, orgulho, cuidado, preocupação, ego ferido... São muitas as variáveis que podem explicar o desconforto no momento de pedir dinheiro para os pais. A minha? Um pouco de cada.

19 fevereiro 2006

Noite de fotos

Vontade de sair de casa. Para quê? Fazer qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo! No cinema, no teatro, no festa, no show, no boite. Que fazer? Que tal fotografar?

A princípio, a ponte JK. Só que ficou muito tarde. Então... qualquer coisa perto de casa. Um vizinho fazendo companhia, duas máquinas digitais, um violão. Fotografamos.

Carros passando, Darlene fotografando... o que desse na telha. O importante é que tínhamos saído de casa. Nada de computador a noite toda, nem Globo Repórter.

O resultado dessa maluquice pode ser conferido na fotopage.

15 fevereiro 2006

"Olhos Negros"

Esperar. Ver a vida passar, buscando nela sempre alguma forma de felicidade. Se acomodar com o que se é oferecido. Aguardar por qualquer atitude de um alguém que ainda não se sabe quem. Esperar.

E viver. Viver à sombra de uma promessa, que um dia, talvez, quem sabe, possa vir a ser cumprida. Acordar a cada nova manhã sem ter a certeza de se aquele dia será de fato um novo dia. E, ainda assim, viver.

Prometer. Mundos e fundos difíceis de conseguir. Firmar uma promessa que ainda não sabe se poderá cumprir. Criar um sem número de expectativas que nunca serão sequer alcançadas. Não se importar com as esperanças de alguém, que irão acabar frustradas. Mas, sempre de novo, prometer.

E assim seguir. Pensando sempre nas coisas que não devia ter feito. Se arrependendo de cada um de seus defeitos. Fingindo ter feito o que nunca fez. Seguir cantando como se fosse inocente, contando vantagens e se colocando sempre à frente de todos os que alguma vez experimentaram por sua vida passar. Mas, acima de tudo, seguir. E viver. E sonhar.


(texto para Oficina Avançada de Narrativas, a partir do filme com o mesmo nome do título do post)

14 fevereiro 2006

Pipoca (parte III, e última)

Não demorou muito para que uma parte do grupo se separasse. A baianinha animadíssima, o pai, numa empolgação incrível, e uma das tias foram adiante. Não dava mesmo para ficarem todos juntos. Mas até que ainda estavam próximos.

A tia, dona da casa, o namorado dela e a prima estavam ainda por ali. Ele também.

Então aquilo que era a pipoca? Gente pulando ao som do axé, corpos suados em toda a volta. Gente que vez em quando girava o braço para o alto, segurando uma latinha de cerveja, refrigerante, Pitu Cola, ou mesmo água e derramando pelo menos metade no povo todo? Gente com lança perfume, ou loló, “viajando”, caindo pelas tabelas. Gente nem aí para ninguém ao lado, simplesmente pulando, dançando e se empurrando para conseguir espaço?

Não era aquilo o que ele esperava. Aos poucos, a excitação por estar saindo na pipoca foi se esvaindo. Os passos que antes estavam no ritmo da música iam aos poucos ficando mais lentos, mas tímidos. A cabeça antes alta, tentando captar tudo ao redor, ia ficando baixa. Lágrima rolavam devagar pelo rosto vermelho de calor. O vermelhão se destacava no rosto branco do gauchinho.

Foi aí que a tia se deu conta de como estava o sobrinho. Tanta gente em volta se divertindo e ele ali, quieto, triste até.

- Que é isso, Thomas? Que é que você tem? Machucou com alguma coisa?

- Ah, tia Ilse... eu não gostei dessa pipoca... – ele disse, chorando.

E eles voltaram. Ele chorando. A tia rindo da situação. E a prima chorando com ele, porque a mãe estava rindo dele. E essa foi a pipoca.

Agora não deu, quem sabe daqui a alguns anos, quando ele estiver mais velho, pronto para curtir e sabendo já como é a tal da pipoca.

(Conto para Oficina Avançada de Narrativas)

13 fevereiro 2006

Pipoca (parte II)

A tal da baianinha divertida contagiou a todos com a idéia de sair atrás de um trio elétrico. Não tinham comprado abadá para bloco nenhum, mas, segundo ela, o mais legal mesmo era sair na “pipoca”.

A pipoca...

Ele só pensava na tal da pipoca. Como será que era isso? Será que eles jogam pipoca de cima do trio para quem não está no bloco? Por que será que a amiga da tia preferia sair na pipoca?

Sabe-se lá que tanto de coisa passava na cabeça de um garoto gaúcho de nove anos, que nunca tinha visto uma pipoca numa micareta. Mas que ele estava animado, isso ele estava. O importante era que pipoca, ali, era sinônimo de festa. Toda criança gosta de festa e ponto.

O Maceió Fest começou na quinta-feira, mas eles só foram mesmo no sábado. O ponto de encontro era a sorveteria no início do percurso. Já era um ponto bem conhecido de todos ali. A Bali era passagem obrigatória depois do almoço de domingo. Conheciam os donos e tudo. Era o lugar ideal para servir de base.

Tinha muita, muita gente na rua. Chegar ali foi complicado, mas conseguiram. Pegaram uma mesa na calçada, de onde se podia ver toda a movimentação na rua, ao mesmo tempo em que estavam “protegidos” do centro da muvuca.

Quem comandava a turma era a baianinha arretada, amiga da tia. Passou o primeiro trio. Gente, gente, gente. Barulho, música. O coração parecia que batia no ritmo do axé que saía do trio elétrico. Um movimento que tomava conta daquele corpo ainda pequeno, do tamanho da infância do garoto.

A cada carro que passava, sempre na mesma onda musical, a excitação tomava conta dele. Como será que é a pipoca? Deve ser muito bom, muito bom mesmo!

Era aquele! Ela chamou, todo mundo pronto. No primeiro espaço entre a multidão todos entraram, e foram.

Estavam na frente da corda, que limitava o espaço onde ficavam apenas os que estavam dentro do bloco. Ali eles não podiam entrar, não tinham o abadá. E os “cordeiros” não eram nem um pouco simpáticos. Iam empurrando quem quer que estivesse na frente à medida que o trio avançava um pouco mais. O bloco não podia parar.

(para Oficina Avançada de Narrativas - amanhã tem a parte final)

09 fevereiro 2006

Pipoca (parte I)

Praia, sol, calor, areia. Precisa de mais alguma coisa para divertir um garoto de nove anos de idade? Ele tinha tudo isso, além da companhia do pai, duas tias, a avó e uma prima. Tinha com quem brincar na areia, construir castelinhos, pular ondas, fazer de um tudo.

Mas aquele verão era diferente. Diversos motivos faziam daquele mês de janeiro especial. Tudo bem que ele não tinha começado muito bem. Na virada do ano, à beira-mar, o champanhe resolveu, por conta própria, estourar antes da hora. O fósforo, pelo contrário, resolveu sumir bem na hora, o que levou ao atraso dos fogos que tinham sido preparados. Resultado, o “espetáculo dourado” atrasou um pouquinho. Pior que nem deu para fotografar o acontecido. Foram tão rápidos que nem deu tempo de a tia pegar a máquina fotográfica. Quando ela viu, já tinham acabado.

Até aí, tudo bem. O mais divertido ainda estava por vir.

Aquela era uma época em que “pipocavam” carnavais fora de época por toda a região Nordeste do Brasil, e Maceió não podia ficar de fora. Foi assim que, no ano anterior, surgiu o Maceió Fest, o carnaval fora de época oficial da capital alagoana. Aquela era a segunda edição do evento, que já movimentava milhares de foliões e muito, muito dinheiro. Ele ainda não fazia idéia do que era uma micareta. No máximo, tinha visto algo sobre na televisão.

Eram quatro dias de festa. Trios passando pela avenida, na frente daquele marzão lindo de Pajuçara e Ponta Verde. Diversas bandas e cantores solo desfilavam em cima dos trios elétricos. Quase todos vindos da Bahia. Muita gente pulando atrás ao longo e todo o percurso, ao som do axé. A música era uma febre recém saída do estado de ACM, que se espalhou rapidamente por todo o território nacional.

Da Bahia também viera uma amiga da tia. Uma baianinha quase tão elétrica quanto os trios que desfilavam. Animadíssima, lindíssima. Quase tudo nela era superlativo, principalmente a empolgação, que se espalhava para todos em volta. Não foi à toa que o pai dele se apaixonara por ela.

(conto para Oficina Avançada de Narrativas - quando voltar de Goiânia publico o resto dele)

07 fevereiro 2006

E o que é que eu tenho a ver com isso?

Minha mãe não gosta de funcionário público. Em geral, ela tem raiva deles, tanto quanto dos advogados que aprendem a ser corruptos, mentirosos, dissimulados e vendidos. Não quero dizer que ela odeia todo e qualquer servidor público. Mamãe tem mais pontos contra o funcionalismo municipal lá em Maceió. E contra o estadual também. De certa forma, concordo com ela em seus argumentos.

A impressão que nós temos de boa parte dos servidores, concursados ou não, pelo menos por lá, é que estão ali somente para atrapalhar nossa vida. Estão sempre insatisfeitos com as condições de trabalho e com o salário. Abro aqui um parêntese: queria ver como ficariam se tivessem que diminuir o salário, por causa dos encargos e custos de produção, como boa parte dos profissionais liberais... mas isso é outra discussão. Voltando às reclamações, ou os servidores têm trabalho demais para fazer, ou o trabalho é monótono, ou simplesmente não queriam estar ali. Dificilmente um dia de serviço alcança qualquer equilíbrio.

O porquê de tanto mau-humor e má-vontade? Eles realmente não queriam estar lá, sentados numa cadeira velha e desconfortável, atrás de um balcão velho, em frente a uma lata velha chamada de computador, atendendo a um cidadão qualquer, que não entende que ele, mero técnico administrativo (ou nem isso), não pode fazer nada além do pouco que já foi feito. “A burocracia é assim, meu senhor. Não posso fazer mais nada”.

Talvez quisessem ser médicos, engenheiros, professores de biologia em um colégio particular. Talvez tenham terminado um curso superior qualquer só para agradar à família. São frustrados, mesmo. Não fazem o que gostam. Estão bem longe do que sonharam para suas vidas. Foram parar no funcionalismo público em busca de estabilidade. Não era isso o que desejavam, mas não tiveram coragem de buscar mais. Agora estão ali, eternamente insatisfeitos e de cara amarrada.

Adultos de todas as idades. Desde o jovem recém-saído do ensino médio até o cinqüentão, que não vê a hora de se aposentar. Acomodados, incomodados. Vivem assim e vão morrer assim: frustrados. E a gente, que não tem nada a ver com isso tudo é que tem que se acostumar a esperar horas na fila para qualquer coisa em qualquer órgão municipal e ser mal atendido. Foi isso o que aconteceu segunda de manhã.

Por isso que minha mãe tem raiva de servidor público.

(para Oficina Avançada de Narrativas)

05 fevereiro 2006

Grande coisa...

Milhões de coisas a fazer, conto a escrever, seminário para terminar. Reunião programda para hoje e tudo o que eu não queria era ficar em casa o dia todo. Já não fiquei. Grande coisa, sair para ir almoçar no Giraffa's está longe de ser grande coisa.

Alguém me dá uma idéia para o meu conto? Não sei o que fazer. Alguém me chama para fazer qualquer coisa? Já enjoei do meu quarto, por hoje. Existe alguma fórmula mágica para recolocar rítmo na vida?

Sim, Little Rafa, a vida é realmente bela. Mas nem sempre, por mais ensolarado que esteja o dia, ela se mostra bela. Às vezes ela simplesmente não está como você gostaria que estivesse.

Se eu estou bem? Sim, na medida do possível. É sério. Não penso em me matar, nem em fazer loucura nenhuma. Foi difícil? Sempre é, fazer o quê... Mas eu estou bem, juro! Só não consigo focar em alguma coisa para pensar. Talvez só quisesse alguma coisa diferente, sei lá.

Não tenho mais o que dizer. Isso já está virando uma loucura, quase ininteligível. Afluência dos mais variados tipos de pensamentos. Simplesmente jorram, batem aqui e ficam. Grande coisa...

02 fevereiro 2006

It's over

"Já não se sabe o momento exato de partir
Não quero me entregar tão cedo
Aquele amor que eu senti quando te conheci
Não tá rolando mais faz tempo
Não vejo mais o brilho dos seus olhos pra mim
Nem sei se ainda posso mesmo te fazer feliz
Cada momento que passamos, juro, foi bom
Mas tudo que acende apaga, e o que era doce se acabou"

"Levo a vida como eu quero
Estou sempre com a razão
Eu jamais me desespero
Sou dono do meu coração

Quando a paixão não dá certo (não há porque me culpar)
Eu não me permito chorar (já não vai adiantar)
E recomeço do zero
Sem reclamar"

Não preciso falar mais nada. Acho que todo mundo já me entendeu.

01 fevereiro 2006

Saiu no UOL hoje

01/02/2006 - 12h07
Cientistas mostram que hormônios têm culpa pelo fim da paixão

"Londres, 1 fev (EFE).- Os hormônios são culpados pela duração de apenas dois anos de uma paixão amorosa, segundo um estudo publicado no último número da revista "Chemistry World", da Real Sociedade de Química do Reino Unido.

Uma equipe de cientistas da universidade de Pisa (Itália) estudou o comportamento dos hormônios em uma relação amorosa e comprovou que o desejo desaparece após dois anos de relacionamento, por causa das mudanças biológicas ocorridas nos corpos dos parceiros.

Para o bioquímico Michael Gross, "enquanto os companheiros prometem amor verdadeiro, os hormônios dão a entender outra coisa".

"Esta pesquisa mostra a presença no sangue de certos hormônios no início da relação, mas não há provas de que eles prevaleçam nos indivíduos que têm uma relação há anos", disse o bioquímico.

Segundo o estudo, enquanto no início da relação é abundante um elemento químico chamado neurotrofina, que provoca o desejo, com o passar do tempo a quantidade dessa substância diminui, e ela é substituída por um hormônio denominado oxitocina, que consolida os sentimentos mais duráveis de amor e de compromisso."