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09 fevereiro 2006

Pipoca (parte I)

Praia, sol, calor, areia. Precisa de mais alguma coisa para divertir um garoto de nove anos de idade? Ele tinha tudo isso, além da companhia do pai, duas tias, a avó e uma prima. Tinha com quem brincar na areia, construir castelinhos, pular ondas, fazer de um tudo.

Mas aquele verão era diferente. Diversos motivos faziam daquele mês de janeiro especial. Tudo bem que ele não tinha começado muito bem. Na virada do ano, à beira-mar, o champanhe resolveu, por conta própria, estourar antes da hora. O fósforo, pelo contrário, resolveu sumir bem na hora, o que levou ao atraso dos fogos que tinham sido preparados. Resultado, o “espetáculo dourado” atrasou um pouquinho. Pior que nem deu para fotografar o acontecido. Foram tão rápidos que nem deu tempo de a tia pegar a máquina fotográfica. Quando ela viu, já tinham acabado.

Até aí, tudo bem. O mais divertido ainda estava por vir.

Aquela era uma época em que “pipocavam” carnavais fora de época por toda a região Nordeste do Brasil, e Maceió não podia ficar de fora. Foi assim que, no ano anterior, surgiu o Maceió Fest, o carnaval fora de época oficial da capital alagoana. Aquela era a segunda edição do evento, que já movimentava milhares de foliões e muito, muito dinheiro. Ele ainda não fazia idéia do que era uma micareta. No máximo, tinha visto algo sobre na televisão.

Eram quatro dias de festa. Trios passando pela avenida, na frente daquele marzão lindo de Pajuçara e Ponta Verde. Diversas bandas e cantores solo desfilavam em cima dos trios elétricos. Quase todos vindos da Bahia. Muita gente pulando atrás ao longo e todo o percurso, ao som do axé. A música era uma febre recém saída do estado de ACM, que se espalhou rapidamente por todo o território nacional.

Da Bahia também viera uma amiga da tia. Uma baianinha quase tão elétrica quanto os trios que desfilavam. Animadíssima, lindíssima. Quase tudo nela era superlativo, principalmente a empolgação, que se espalhava para todos em volta. Não foi à toa que o pai dele se apaixonara por ela.

(conto para Oficina Avançada de Narrativas - quando voltar de Goiânia publico o resto dele)

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