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13 fevereiro 2006

Pipoca (parte II)

A tal da baianinha divertida contagiou a todos com a idéia de sair atrás de um trio elétrico. Não tinham comprado abadá para bloco nenhum, mas, segundo ela, o mais legal mesmo era sair na “pipoca”.

A pipoca...

Ele só pensava na tal da pipoca. Como será que era isso? Será que eles jogam pipoca de cima do trio para quem não está no bloco? Por que será que a amiga da tia preferia sair na pipoca?

Sabe-se lá que tanto de coisa passava na cabeça de um garoto gaúcho de nove anos, que nunca tinha visto uma pipoca numa micareta. Mas que ele estava animado, isso ele estava. O importante era que pipoca, ali, era sinônimo de festa. Toda criança gosta de festa e ponto.

O Maceió Fest começou na quinta-feira, mas eles só foram mesmo no sábado. O ponto de encontro era a sorveteria no início do percurso. Já era um ponto bem conhecido de todos ali. A Bali era passagem obrigatória depois do almoço de domingo. Conheciam os donos e tudo. Era o lugar ideal para servir de base.

Tinha muita, muita gente na rua. Chegar ali foi complicado, mas conseguiram. Pegaram uma mesa na calçada, de onde se podia ver toda a movimentação na rua, ao mesmo tempo em que estavam “protegidos” do centro da muvuca.

Quem comandava a turma era a baianinha arretada, amiga da tia. Passou o primeiro trio. Gente, gente, gente. Barulho, música. O coração parecia que batia no ritmo do axé que saía do trio elétrico. Um movimento que tomava conta daquele corpo ainda pequeno, do tamanho da infância do garoto.

A cada carro que passava, sempre na mesma onda musical, a excitação tomava conta dele. Como será que é a pipoca? Deve ser muito bom, muito bom mesmo!

Era aquele! Ela chamou, todo mundo pronto. No primeiro espaço entre a multidão todos entraram, e foram.

Estavam na frente da corda, que limitava o espaço onde ficavam apenas os que estavam dentro do bloco. Ali eles não podiam entrar, não tinham o abadá. E os “cordeiros” não eram nem um pouco simpáticos. Iam empurrando quem quer que estivesse na frente à medida que o trio avançava um pouco mais. O bloco não podia parar.

(para Oficina Avançada de Narrativas - amanhã tem a parte final)

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