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20 dezembro 2010

A saga por um local

Sábado começou um pouco antes das 10h30. Na verdade, saímos de casa às 10h, rumo ao primeiro local de festa onde tínhamos marcado visita. Até as cinco e qualquer coisa da tarde, foram quatro os locais visitados. Com eles algumas certezas, e muitas dúvidas.

15 dezembro 2010

O pedido

Era pra eu ter escrito este post ontem, mas o sono não me permitiu. O fato é que eu estava dando uma olhada nos blogs de noivas que eu passei a acompanhar e cheguei num muito fofo, o Say I do. Além de trazer coisas legais para as noivinhas de plantão, ele traz vários relatos de como as noivas chegaram no tão especial "I do". Obviamente, não pude evitar ficar pensando no domingo, dia 5, quando o Rê fez oficialmente o pedido.

10 dezembro 2010

Já vai fazer uma semana...

Já faz quase uma semana que eu estou noiva. Sim, Renan falou com mamãe, ela deixou, e ele colocou a alliança no meu dedo durante a comemoração do aniversário dele, domingo passado. Papai também já foi avisado e está muito feliz, assim como eu! Aí no mesmo dia, já me vira a Renata e, como queremos tudo para fevereiro de 2012 (afinal, temos que aproveitar uns meses antes do fim do mundo, né??? hehehehe), me diz: "vocês já estão atrasados".

04 novembro 2010

Eu disse que não discutiria mais isso, mas...

... mas às vezes eu simplesmente não me contenho, e sinto necessidade de falar. Ou escrever, o que é mais provável e mais fácil também.

O fato é que, para onde quer que eu olhe, o que mais vejo é a concordância com tudo o que o nosso ainda presidente fale. Há discordância, claro. Mas às vezes são tão fortes os olhares de reprovação para aquele que fala mal do Lula que se forma o que, na Comunicação, estudamos como "espiral do silêncio". Essa, aliás, sempre foi das minhas teorias favoritas na comunicação socual. E ao meu ver se aplica tão bem ao que tem acontecido!

11 outubro 2010

Quem era você...

... há dez anos? E hoje, você é o que, em meados do ano 2000, imaginava que seria dez anos depois? Eu confesso que não, pelo menos na maior parte do que eu lembro.

O CB Online de hoje fala de um grupo de estudantes do DF que abriram ontem, 10/10/10, lembranças e desejos expressos no final do século/milênio passado (afinal, a virada só se deu de 2000 para 2001). Ideia interessante e bastante difundida na época, quando foram enterradas inúmeras "cápsulas do tempo". A minha é este blog (e espero que o servidor não resolva deletá-lo sem mais nem menos...).

03 outubro 2010

Sujeira

Dia de eleições. Na verdade, uns dois ou três dias antes, mas hoje está bem pior. Bastaram menos de quinze dias para eu voltar a uma Brasília bastante mudada. Explico.

Saí de férias já durante a campanha eleitoral. Havia, sim, bonecões pra lá e pra cá, panfletos sendo distribuídos, cartazes em boa parte das vias principais do DF. Mas nada, nada se compara com o quão suja estava Brasília quando eu cheguei. E, pior, hoje, dia do pleito.

Todas as vias por onde passei estavam simplesmente cobertas por santinhos e panfletos em geral. Fala sério! O tamanho da sujeira é tal que inviabiliza a utilização das escolas que serviram de zona eleitoral nas aulas de amanhã. Um absurdo, sem dúvida.

A única conclusão a que eu e Renan conseguimos chegar é de que quem fez isso queria tentar convencer o eleitor a votar em nomes, rostos e números que estariam ali, jogados no chão. Eu até não duvido que haja quem faça isso, mas pra mim não justifica o que fizeram com a cidade.

Para esta eleição não dá mais, mas para a próxima, fica a campanha (idealizada pelo Renan): não vote em candidatos que imprimem santinhos e panfletos.

15 setembro 2010

Adeus

Não sei se chegou a um ano, mas durante vários meses tive a oportunidade de utilizar, todo santo dia, o computador vizinho ao de dois colegas muito queridos na Agência Brasil. Já os conhecia há algum tempo quando resolvi ocupar aquele lugar na ABr. E não me arrependo. Foram vários dos dias mais animados de trabalho que tive por lá. Afinal, eram dois piadistas exímeos. Sem contar que pude aprender muito. Dos dois.

13 setembro 2010

Moda e estilo: você tem?

Mulher é mesmo um bixo inseguro, hein... Ok, muitas vão dizer que discordam, que são muito bem resolvidas etc e tal. Mas eu tiro por aquelas com quem convivo e por mim mesma, claro. E digo: mulher é um bixo inseguro demais. Nem que seja sobre apenas um aspecto da sua vida, alguma insegurança tem.

31 agosto 2010

Indignação, indigna, inação

Eu lembrei do verso que compõe o versão de uma música do Skank sópra dizer que eu fiquei indignada. Fiquei depois de ler uma matéria no Correio Braziliense sobre um acidente ocorrido na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), próximo oa acesso de Águas Claras. Explico.

24 agosto 2010

Festa ou não festa?

Estou em dúvida. O que fazer do meu carnaval no próximo ano? Depois da festa de aniversário do último sábado, fiquei seriamente empolgada com a ideia de dar um pulo em Salvador. Já estarei em Maceió antes mesmo para curtir as férias, não custa muito esticar até a capital baiana antes de voltar para Brasília.

19 agosto 2010

Primeira semana, ok

Amanhã faz uma semana que fiz minha mudança para Águas Claras. Até agora, tudo correndo perfeitamente bem. Ou quase tudo. Na verdade, ainda falta uma tampinha para o ralo da área de serviço, que ainda tá exalando um odor não muito agradável.

16 agosto 2010

Saude vs. Trabalho

Recebi este texto por e-mail. Está no blog do André Giusti. Confesso que não sei quem é ele. Mas o texto também não é dele. Feitas essas considerações, a pesquisa de que trata o texto revela de que forma a rotina dos jornalistas aqui no Brasil prejudica a saude desses profissionais.

Não à toa optei por sair da redação comercial (ou melhor, nem entrei nessa). Aliei minha crença em uma comunicação pública que se mostrava possível desde quando fui estagiária à vontade de ter uma rotina menos estressante, mais estável (em todos os sentidos). Nunca quis viver para o trabalho, mas dele. E acho que é esse tipo de visão que falta em algumas redações em todo o país.

12 agosto 2010

Voto Sério


A ideia não é minha, mas vale muito ser divulgada o máximo possível até as eleições. Um amigo meu achou e colocou no site dele. Eu também gostei e coloquei o banner aqui no blog. Explicando, segue o artigo que esse amigo publicou. No site dele tem os links para quem também quiser divulgar a campanha.


Se o voto não for consciente, quem vai fazer papel de bobo é você.

O país não precisa de um bobalhão qualquer decidindo o futuro do país. Depois, quem vai pagar essa conta é você e sua família, a empresa em que você trabalha, a faculdade e escola em que você estuda, o País em que você vive.

Pode ser divertido agora falar que vai votar em um engraçadinho. Mais tarde não vai ter graça nenhuma
 
Voto sério, chega de palhaços

09 agosto 2010

Odorico presidente!

Agora que assisti ao filme, posso fazer coro com alguns amigos: Odorico Paraguaçu para presidente do Brasil!

06 agosto 2010

O preço da comodidade

Comprar um pacote fechado ou escolher passagesn, hotel e passeios por conta, pra tentar deixar a viagem mais barata? Contratar um buffet ou fazer você mesmo o que vai ser servido na festa e contratar os garçons por fora pra baratear o custo do evento? Contratar uma empresa de mudança ou pagar mais barato pra alguém que só faz o frete?

05 agosto 2010

SEM PESO NEM MEDIDA

"Eduquemos os adultos de hoje, e teremos as crianças do amanhã"
(Pitágoras)

O texto que vai hoje por aqui eu recebi por e-mail, depois vi que era do Blog do Vicente, no Correio Braziliense. É a coluna da jornalista e publicitária Luciana Assunção. Devidamente creditada, segue uma reflexão bem legal sobre como os pais têm se posicionado hoje em dia em relação à criação de seus filhos.

É um tema interessante, que voltou à pauta nacional depois que o Executivo enviou ao Congresso um projeto de lei que quer proibir palmadas educativas nas crianças. Eu realmente espero que nossos digníssimos (?) parlamentares possam, agora sim, utilizar de todas as formas previstas nos regimentos internos da Câmara e do Senado para protelar a tramitação dessa proposta. Eu ainda quero poder educar meus filhos com o mesmo rigor com que fui educada.

04 agosto 2010

Saiu na Folha: Collor nunca mais

Não estou em Maceió, mas gostaria de estar na manifestação de semana que vem. Gostaria mais ainda se o movimento desse certo. Por mais que Fernando Collor ainda tenha mais quatro anos como senador, acho que pior seria ele como governador do estado de Alagoas.

Segue matéria na capa da Folha.com sobre mais uma atividade com participação do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE).


Alagoanos criam movimento "Collor nunca mais"

Filipe Motta
de São Paulo

Associações de moradores, estudantes, advogados e sindicalistas de Alagoas lançaram o movimento "Collor nunca mais", contra a candidatura do senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB) ao governo do Estado. Eles preparam uma manifestação para a próxima quarta-feira (11), em Maceió.

A escolha do dia 11 de agosto, dia do Estudante, segundo os organizadores do movimento, é uma referência aos caras-pintadas, como ficaram conhecidos jovens e estudantes que ajudaram a derrubar Collor da Presidência em 1992.

"Fernando Collor representa tudo que há de atrasado na política brasileira. Há ligações perigosas com envolvidos com o crime organizado. São pessoas que usam a máquina pública em benefício das eleições, respondem a processo de improbidade administrativa, assassinato", diz o coordenador local do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), Antônio Fernando da Silva, um dos organizadores.

Segundo ele, a ameaça de Collor contra o repórter Hugo Marques, da revista "IstoÉ", divulgadas na última semana, foi um dos estopins do movimento.

Com conta no Twitter --@collornuncamais-- e comunidade no Orkut, o movimento pretende usar as redes sociais para criticar o político. No dia 11, o grupo sairá em passeata às 11h, da porta do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Alagoas. Depois de percorrer as ruas do centro, retornará ao TRE para uma manifestação de apoio à aplicação da lei da Ficha Limpa.

Na última pesquisa Ibrape, Fernando Collor liderava a disputa eleitoral pelo governo de Alagoas com 38% dos votos. Ronaldo Lessa (PDT), segundo colocado e cujo registro da candidatura deve ser julgado amanhã com base na lei da Ficha Limpa, tinha 26%.

Por duas vezes na tarde de hoje, a Folha entrou em contato com a assessoria do senador para que ele comentasse o assunto. Não houve resposta.

02 agosto 2010

A Dengue

Eu já tinha dito no último post que falaria dela por aqui. E não é só porque minha mãe ficou doente, de cama, sem conseguir comer, que eu me preocupo com o avanço da dengue em cidades como Maceió. Claro que isso também conta, mas não posso deixar de considerar que há poucas semanas a filha de uma amiga (da minha mãe) quase morreu por conta da dengue hemorrágica. Ficou um bom tempo internada.

Essa amiga também pegou a forma mais perigosa da doença. Outras duas pessoas da casa também foram infectadas - dessa vez com a dengue comum. Menos perigosa, mas não menos incômoda. O pior é saber que o foco de reprodução do mosquito era pertinho de casa, em um condomínio de classe alta de Maceió. Puro descuido do responsável pelo imóvel onde o criadouro estava.

31 julho 2010

De cara nova

Por mais tempo que eu fique sem aparecer por aqui para escrever qualquer coisa, isso não significa que eu desisti totalmente deste cantinho todo meu. É só que muitas vezes estou sem qualquer inspiração. Aí de vez em quando eu resolvo mudar a cara do blog, só pra dizer que, sim, eu passo por aqui de vez em quando, não o esqueci.

22 julho 2010

Tudo novo, de novo

Não tive essa sensação quando saí da 313 norte. Nem quando saí do bloco A para o Q, ambos na 407, também norte. O sentimento quando da saída do bloco Q para o bloco A da 106 o sentimento foi de que algo novo estava acontecendo. E também a saudade que Darlene deixava. Era um sentimento que completava tudo o que me aconteceu em 2009. Namorado novo, emprego novo, carro novo... casa nova! (sim, exatamente nessa ordem)

Agora, que está chegando a hora de deixar a 106 norte, parece diferente, apesar de o processo ser sempre o mesmo: procura nos classificados, na WImóveis, vai visitar uma penca de apartamentos em tudo que é canto, apresenta documentação para cadastro, espera o resultado e prepara a mudança.

04 junho 2010

Finalizando

A série, escrita ainda em outubro de 2008, fica por aqui. Algumas matérias chegaram a ser publicadas. Com a mudança no site, a Agência Brasil ainda está sem o arquivo disponível. Assim que já estiver tudo certinho, coloco os links aqui.

Do Haiti, acompanhei o que virou notícia no último ano e meio, desde a minha visita. Como não poderia deixar de ser, o terremoto mais uma vez chocou. Ver o Palácio do governo totalmente destruído doeu, ainda mais lembrando da manhã linda em que fizemos imagens por lá para a TV Brasil, antes de voltarmos para o Brasil.

Doía ver aquela população, já sofrida mais do que o bastante, passando por mais um desastre. Um desastre que, pouco depois, causou prejuízos bem menores no Chile. O que mais desenvolvimento não faz por um país...

Mais uma vez lembrei as cenas de Gonaíves pós-furacões. Tinha sido uma das cidades mais atingidas na época. Algo já esperado visto que ao redor, morros sem nenhuma vegetação, na cidade, casas com pouquíssima estrutura... Os deslizamentos de terra acabaram destruindo parte do muro da base argentina, um dos oficiais já estava doente, devido à falta de higiene e de água potável.

Mas nada comparável à situação da praça central. De um lado, a cadeia pública. Do outro, a igreja matriz, que servia de abrigo para quem já não tinha casa. Na praça em si, lama, esgoto, uma água fétida que ia até o porto velho - um caminho de uma rua só, curta até. Mas cujo cheiro era insuportável. Os bonés azuis recebidos do comando brasileiro viravam máscaras, para tentarmos respirar minimamente. Olhava para o lado, pareciam poças de água, com bastante material orgânico e em decomposição. Era isso o que o cheiro fazia intuir. O cheiro e o aspecto - verde e borbulhante. Melhor não entrar em mais detalhes.

O fato é que aquela viagem vai ser sempre uma marca. Uma lembrança que os textos publicados nos últimos dias aqui ajudam a manter viva sempre.

Olhando para o futuro

E o que se pode fazer para para sair desse buraco? “Eu não sei o que falta. Quem sabe falte um pouco de garra, de 'eu vou fazer' e não ' vou esperar que alguém faça por mim', que é um sentimento também do haitiano, 'o governo resolverá ou alguém resolverá por mim'", acredita a embaixatriz Roseana Kipman.

Alguns militares brasileiros vêem a necessidade de uma ação governamental, que aproveite o ambiente de segurança para iniciar um processo de desenvolvimento sustentado. “Eu acho que tem que haver uma pressão das associações de direitos humanos junto ao governo haitiano, junto à própria ONU, no sentido de esse sofrimento, essa miséria do povo ser atenuada", afirma o comandante do batalhão brasileiro, coronel Fioravante.

Ok, ação governamental. Mas o que, de forma concreta, é necessário no curto prazo? Quem responde primeiro é o intérprete do batalhão brasileiro, Jean Denis (o mesmo que quer ir estudar no Brasil). “Pra ser um país que não sofre, é emprego pra população, porque quando todo mundo está trabalhando, não vai ter problema econômico e ninguém vai se preocupar com outras coisas [que, de acordo com ele, seriam fazer baderna, enfrentar as tropas estrangeiras...]".

Para ele, é o desemprego, que atinge cerca de 80% da população, que faz o povo sofrer. "A segunda coisa: escola, formação da população; pra população falta formação, escola pras crianças, jovem que está querendo estudar, mas não tem possibilidade”, completa.

"Jobs, jobs, jobs!", como diz o brasileiro Luiz Carlos da Costa, um dos "chefões" da Minustah. É o que iniciativas como a fábrica de rum Barbancourt (a única que conseguimos visitar) geram. Na empresa, existente desde 1862, são empregadas 300 pessoas, desde o corte e moagem da cana até o envase e exportação do produto final, que vai para 15 países, principalmente europeus. O menor salário pago, de acordo com Jean Dominic Denis, funcionário da fábrica, é de US$ 3 por dia.

“Esse rum é uma honra nacional, porque na época do embargo [imposto pelos Estados Unidos] não tinha nada funcionando, só a Barbancourt funcionava para ajudar o país”, diz Denis. Por dia, a Barbancourt produz 1,6 mil caixas com 12 garrafas grandes (aproximadamente 700 ml) e 1,3 mil caixas com 24 garradas pequenas.

Voltando à geração de empregos, o embaixador brasileiro, Igor Kipman, diz que o governo haitiano tem trabalhado nisso, mas "devagarinho". “As coisas aqui acontecem num ritmo muito próprio do Haiti, devagar, não acontecem muito rapidamente. Está acontecendo devagarinho, com os tropeços a que este país está sujeito". Tropeços geográficos - os furacões - e as dificuldades enfrentadas por uma democracia que renasce - foram quatro meses desde abril sem um primeiro-ministro.

"[O país] ficou praticamente metade do ano de 2008 com um governo encarregado dos assuntos correntes, um governo que não pode assumir compromissos a médio prazo, claro que isso atrasa todo esse processo [de desenvolvimento]”.

Para o médio prazo, existe um plano feito pelo governo que caiu em abril junto com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que prevê, em três anos, geração de emprego e aumento de renda. O embaixador Kipman lembra que estava marcada uma reunião, no início do ano, com doadores internacionais, para definir os recursos necessários ao plano. Só que ela foi desmarcada tanto por conta dos problemas políticos quanto pelos climáticos.

A esperança dele é que essa reunião seja feita em novembro, “e aí então vai se dar início ao plano que deveria ter começado no início de 2008, vai acabar começando em 2009”.

02 junho 2010

Rota de furacões

Não bastassem os problemas sociais e políticos que atormentam o Haiti há dois séculos, desde a independência, o país está numa rota de furacões. Por ano, a média é de 20 tormentas, entre julho e outubro. Nem todos acertam em cheio o território, mas geralmente passam perto o suficiente para causar estragos.

A situação em Gonaíves, que foi atingida por dois furacões seguidos em setembro, mostra bem a fragilidade da cidade histórica - foi lá que começou e se concretizou o movimento de independência. Ruas alagadas, postes de fiação elétrica caídos, carros virados, muita lama e um cheiro de matéria orgânica em decomposição na praça principal, perto do porto, pessoas desabrigadas e famintas. "Vai fazer o quê?", questiona a embaixatriz brasileira, Roseana Kipman. "Você vai dizer pra três milhões de habitantes 'saiam da cidade, que ela não é boa para vocês'? E eles dizem 'essa é a minha única casa, meu único terreno, você vai me dar outro igual?'".

Para ela, não se tem o que fazer em termos de prevenção contra os resultados das catástrofes naturais. "Teoricamente eu posso tirar a cidade dali e colocar em cima do morro, mas só teoricamente. Essa é uma cidade histórica, ali se deu a independência. Você acha que eles vão abandonar a cidade pra água? Não vão abandonar".

As montanhas que ficam do lado oposto ao mar já não têm árvores, derrubadas para fazer lenha e carvão - única fonte de energia para cozinhas. Isso facilita o deslizamento de terra, enchendo a cidade de lama e pedras. Este ano, depois da passagem de quatro furacões, dois no sul e dois no centro-norte, as chuvas e ventos fortes também bloquearam 16 pontos de estradas, dificultando o acesso às cidades afetadas.

"É uma catástrofe que em números gerais afetou cerca de 800 mil pessoas e destruiu muita coisa da infra-estrutura", conta o general Santos Cruz, force commander da Minustah. "Você tem [em final de setembro] mais de 150 mil famílias diretamente afetadas, hoje ainda tem cerca de 170 mil pessoas em abrigos temporários".

De acordo com ele, a Minustah não sofreu revés algum. O mesmo não se pode dizer do Haiti. "Isso pode causar um atraso em todo o programa de estabilização e desenvolvimento do país. O Haiti no ano passado teve um crescimento positivo que não tinha há 20 anos, vinha dando uma recuperada e mostrando alguns sintomas de desenvolvimento; esse ano até talvez o desenvolvimento seja negativo".

O atraso nesse processo, para Luiz Carlos da Costa, número dois no comando da Minustah, deve ser de até um ano. "O que se passou no país há duas semanas [meados de setembro] significa que no momento a atenção será desviada para a reconstrução da infra-estrutura destruída. Sete pontes chaves da infra-estrutura de comunicação, de transporte no país, foram destruídas, as poucas estradas que haviam, a grande parte delas foi destruída".

Essa não é a primeira vez que um furacão traz problemas para as tropas da ONU no Haiti e para o processo de desenvolvimento do país. Em 2004, quando a Minustah tinha recém chegado ao país, ainda não tinha seu efetivo completo e estava sob o comando, pelo menos o braço militar, do general brasileiro Augusto Heleno, o norte foi afetado por uma "rebarba de furacão".

"Os grandes esforços da missão foram desviados para Gonaíves, que entre uma tragédia humanitária e combater criminalidade, vamos cuidar primeiro do humanitário, mas isso deu chance às gangues [em Porto Príncipe, capital] de se fortalecerem muito, tanto em Bel Air, quanto em Citè Soleil, quando nós voltamos a atuar contra as gangues, elas já estavam muito fortalecidas", relata.

31 maio 2010

Observações

1 - leia essa série de textos publicados em maio não do mais recente, mas do mais antigo. Se não vou parecer uma louca...

2 - pretendia colocar os links para o que chegou a ser publicado na Agência Brasil ainda em setembro de 2008 (uma dando conta da renovação do mandato da Minustah, outra da situação em Gonaíves), mas a ABr mudou de página e não consegui recuperar nenhum arquivo do que foi publicado (sim, como saí de lá antes da mudança, estou sem portifólio nenhum!)

3 - alguns textos complementares ainda tenho. Confesso que não sei dizer o que foi de fato publicado ou não, mas acho que o que eu tenho não chegou a ir pro ar... vamos ver...

Por enquanto, é isso!

Cozinha do Inferno

No segundo dia no Haiti, 24 de setembro, fomos conhecer um local ainda mais caótico e chocante do que Citè Soleil, que os soldados brasileiros chamam de "cozinha do inferno". É um mercado informal, que ocupa não só calçadas, mas também as ruas, onde pessoas confundem-se com mercadorias e carros.

"Cozinha" porque o que mais se vende (no meio de uma infinidade de coisas que vão desde remédios até cadernos escolares e malas para viagem) é comida, incluindo os biscoitos de argila, que eles comem na falta de outra coisa menos indigna. Dizem que é nutritivo... "Do inferno" pelo caos de gente, carros, cestos, banquinhas, lama, esgoto, lixo. E nós com colete a prova de balas e capacete.

Existe também um mercado público construído pelo governo da Venezuela, que custou quase US$ 2 milhões e tinha sido inaugurado nove dias antes. Enquanto centenas de ambulantes ocupavam o espaço, parcialmente alagado (difícil dizer se por água mesmo, por esgoto, ou os dois misturados), em frente ao mercado, lá dentro nenhum dos boxes estava ocupado.

As vendedoras contaram que o aluguel do espaço é tão caro, que só quem tem uma grande quantidade de mercadoria para vender consegue pagar. Assim, sempre que tentam entrar lá, são expulsas a pancadas pelos homens da Polícia Nacional.

São inúmeras as violações dos direitos humanos. Mas o general Santos Cruz, force commander da Minustah, é taxativo: "A missão aqui não tem nenhuma condição de promover desenvolvimento, a não ser criar um clima de estabilidade e favorecer o governo".

Santos Cruz argumenta que a ação da tropas é apenas uma das ferramentas para garantir os direitos do povo haitiano. "Quando você controla, leva condição para o governo chegar lá, para a polícia chegar lá, você participa do trabalho policial, põe pressão em cima desse pessoal, é pra tudo isso, evitar que as pessoas sejam roubadas, sejam sequestradas, estupradas, assassinadas, [permitir] que as escolas funcionem. Isso é direitos humanos na prática".

De acordo com o general Augusto Heleno¹, o primeiro comandante das tropas da Minustah, em 2004, mais do que a garantia do ambiente seguro, existe uma prioridade para ações humanitárias, quando necessário. Ele lembra da opção feita no ano em que ele chegou, de se enviar as tropas para a ajuda humanitária em Gonaíves, o que acabou possibilitando o fortalecimento das gangues na capital do país, Bel Air, Citè Soleil e Citè Militaire.

"Hoje a nossa presença efetiva com pontos fortes dentro dessas favelas impede que aquela situação [de predominância das gangues] seja retomada, mas de qualquer maneira, quando a gente deixa de patrulhar, de estar presente, fatalmente nós vamos ter um agravamento na situação de segurança, aumento de seqüestros, de roubos de veículos; mas eu digo que entre trabalhar na ação humanitária e trabalhar na repressão ao crime, primeiro vamos para a ação humanitária e depois vamos cuidar do crime".

Uma das coisas que têm sido feitas pela ONU, de acordo com o segundo homem no comando da missão, o brasileiro Luiz Carlos da Costa, uma das prioridades, aliás, é a reestruturação da Polícia Nacional do Haiti (PNH), a formação de uma polícia estruturada, honesta, profissional. Mais ainda precisam chegar nos 14 mil homens, número considerado suficiente no momento.

No entanto, a missão não tem um projeto de desenvolvimento, de reconstrução ou mesmo de reflorestamento - hoje em dia o Haiti tem 2% de cobertura vegetal. E às vezes a população não consegue, segundo palavra de Costa, enxergar que nem tudo depende dos soldados estrangeiros.

“Nós não temos um papel no desenvolvimento do país, nos investimentos econômicos, a população não entende isso, eles perguntam aos nossos soldados, então nós precisamos fazer um melhor trabalho de explicar o que nós não somos, o papel dos outros, que podem modificar, trazer uma melhora para a sociedade”.
____

1 - Tivemos oportunidade de entrevistar o general Augusto Heleno no retorno do Haiti. Tivemos uma escala técnica em Manaus, para reabastecer e deixar os que ficavam por lá, alguns oficiais e a equipe da Rede Globo. Ele fez uma visita à aeronave, um C-99 da FAB e fez a gentileza de conversar com os repórteres, apesar do pouco tempo disponível e do barulho das turbinas logo ao lado.

28 maio 2010

A Minustah

O contato também é intenso com os soldados. Vale lembrar que a Minustah, assim como missões anteriores da ONU, foi para o Haiti não por causa dos indicadores sociais, mas por causa de convulsões populares, guerra civil, que desestabilizaram o sistema político e as instituições ao longo de toda a história do país.

Ao menos aparentemente, as tropas têm sido bem recebidas. Os militares brasileiros que chegaram no Haiti em maio contam que alguns até agora não precisaram dar sequer um tiro. “Isso é o que nos conforta e motiva a continuar trabalhando duro”, ressalta o comandante brasileiro, coronel Fioravante.

Ações conhecidas como Aciso – Ações Civico Sociais – também ajudam. A cada dois dias, em média, ocorre distribuição de água e alimentos, atividades de recreação para as crianças e, algumas vezes, também orientações de higiene bucal.

“A gente já percebeu desde o início da missão que depois dessas atividades de Aciso a gente passa na rua e a população brinca, pede mais alguma atividade, distribuição de alimento, água, brincadeira, e isso é bom pra gente”, explica o tenente Johnestown Haullinson, responsável pela organização do Aciso que visitamos no segundo dia da viagem.

Outras atividades também são desenvolvidas pela divisão de assuntos civis, responsável pela ligação entre as autoridades do governo, os organismos internacionais, o braço armado da missão e a população haitiana. “Nós estamos formando líderes comunitários para que eles possam atuar em situações de emergência aqui dentro do país deles, como enchentes", conta o tenente-coronel Eugênio Pecelli.

O general Augusto Heleno, primeiro force commander da Minustah, conta que no início a missão tinha um caráter mais rígido, de imposição de paz, "devido à situação de defesa encarniçada das gangues dentro das favelas principais, tanto de Bel Air, quanto de Citè Militaire, quanto de Citè Soleil".

"Hoje o perfil é muito mais humanitário, isso melhorou muito a nossa chegada perto da população", complementa o general.

“No início, [o relacionamento] não foi muito bom; agora é diferente, porque a Minustah traz a paz aqui; no início não tinha paz. Quando a Minustah chegou, todo dia tinha tiro, era normal o conflito entre os bandidos”, resume Jean Baptiste Jean Denis, intérprete da ONU, que trabalha no batalhão brasileiro.

Chama a atenção a quantidade de pessoas que, como Jean, aprenderam ou estão aprendendo aos poucos o português. Muitos com os mesmos objetivos: conseguir um emprego e vir para o Brasil estudar.

Só no recém criado Centro de Estudos Brasileiros – inaugurado em fevereiro deste ano -, 70 haitianos já fizeram o primeiro nível do curso de português. São alunos geralmente de baixa renda, mas que sabem falar além do francês e do creole, língua oficial, algum outro idioma, como o espanhol.

“Hoje você tem um país altamente internacionalizado, com gente de todo o mundo, e quanto mais idiomas você fala, mais possibilidades de contato, de interação e provavelmente de emprego”, explica o coordenador do centro, José Renato Baptista. “Nós temos também demandas de estudantes que fazem graduação aqui ou desejam fazer uma graduação no Brasil”, completa.

Mas a Minustah está longe de ser uma unanimidade. A resistência de setores da própria Igreja Católica, de organizações da sociedade civil e de partidos como o Kombat é uma coisa que o próprio embaixador brasileiro, Igor Kipman, admite.

Os motivos para a resistência são vários. Organizações sociais consideram as tropas como de ocupação, e não de paz, o que viola a soberania do Haiti. Em um comunicado recente, 20 entidades disseram que seria melhor que o dinheiro da Minustah fosse aplicado em projetos de reconstrução do país. Elas dizem, também, que as tropas massacram os movimentos sociais.

Só que ainda não existe data para a saída das tropas internacionais que estão no Haiti. De acordo com o segundo homem no comando da Minustah, o brasileiro Luiz Carlos da Costa, a previsão é de que o perfil atual da missão seja mantido até 2011 pelo menos. "É prematuro no momento mudar o nosso perfil", diz.

26 maio 2010

23 de setembro de 2008: acredite, você está no Caribe

Início da tarde . Da janela do avião, casas sem teto e o mar sem azul de tanto engolir rios de lama e esgoto. O encontro das águas no país mais miserável do novo continente leva a uma completa revisão de conceitos. Não parece o Caribe. O Haiti choca antes mesmo da aterrisagem.

“Eu costumo dizer que a gente acha que tem um determinado problema no Brasil, e depois que passa por aqui, vê as áreas degradadas, uma população num estado de miséria na nossa área de operações, com certeza esses valores são reavaliados e aqueles problemas que a gente achava que tinha no Brasil não são problemas”, reflete o comandante do batalhão brasileiro na Minustah, coronel Pedro Antonio Fioravante.

O primeiro item da programação da recém chegada comitiva do Ministério da Defesa é uma visita a Citè Soleil. O bairro, até o ano passado considerado o mais violento do mundo, foi o último a ser "pacificado" pelas forças da Minustah. Ao contrário do que acontece no Brasil, os pobres ficam à beira-mar, a região menos valorizada, por ser onde alaga quando chove muito. É assim que várias partes estavam quando passamos, uns 20 dias depois do último furacão.

“O que você tem ali é uma população que precisa de desenvolvimento, precisa de emprego, das coisas normais que todo mundo quer, que é o emprego, a escola, a moradia, alimentação, saúde, isso é o que todo mundo quer, em qualquer lugar do mundo, e que ali não tem condições, com um índice de desemprego altíssimo”, diz o comandante das forças da missão de paz, general Carlos Alberto dos Santos Cruz.

Hoje já é possível entrar em Soleil sem capacete ou colete a prova de balas, coisa impensável um ano e meio atrás, quando os soldados eram recebidos a bala pelas gangues armadas. Mas ainda não podemos dispensar a escolta armada com fuzis, nem nos afastar muito, pois estamos perto do final da tarde e ficar para trás significa não ter como voltar depois, pois não há transporte nem energia elétrica. À noite, se instala o breu.

O local é a tradução da falta de condições de higiene no país em que apenas 30% da população têm acesso a saneamento básico e cerca de 54%, a água tratada, segundo a ONU. As pessoas se lavam e comem com água que se mistura facilmente ao esgoto que sai das casas. O relacionamento com o lixo é tão indigno quanto, pois só agora um serviço mínimo de coleta está voltando a funcionar, pelo que os soldados contam.

Considerado o país mais pobre e menos desenvolvido das Américas pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o Haiti tem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,529 numa escala que vai de 0 a 1 - o do Brasil, por exemplo, é 0,8. A população é estimada em 9,3 milhões de pessoas, 65% vivendo abaixo da linha de pobreza e 53,9%, com menos de US$ 1 por dia.

O Produto Interno Bruto per capita é de US$ 1.635 – contra US$ 8.195 no Brasil, por exemplo. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a expectativa de vida ao nascer é de 59 anos e a taxa de mortalidade em crianças com menos de cinco anos chega aos 105 por mil nascidos vivos, ou seja, mais de 10%.

“Esse é um país que precisa de tudo”, resume a embaixatriz brasileira em Porto Príncipe, capital haitiana, Roseana Kipman. E não bastassem os indicadores socioeconômicos, o país ainda está na rota de diversos furacões – em torno de 20 por ano, entre os meses de julho e outubro.

“E esse povo que dorme em casas que não têm janela, mal têm uma porta, quando a água entra e leva o barraco... não é uma cidade, isso não é uma cidade, e não se pode falar em favelas, tem algumas casas no meio de coisa nenhuma”, lamenta a embaixatriz.

Toda essa carência pode ser sentida pelas ruas de Citè Soleil. Diferentes em tudo, na cor da pele especialmente, nós, estrangeiros, chamamos a atenção especialmente das crianças. Elas não hesitam em vir para junto de nós. “Hey you”, dizem para chamar a atenção. Nos cercam, querem saber quem somos, de onde somos, nossos nomes, se temos filhos, os nomes deles. E não falta o pedido de comida, dinheiro, socorro.

Revivendo experiências

Há alguns dias lembrei uma viagem feita ao Haiti. Uma grande experiência. Não em relação ao tempo que fiquei por lá, mas pelas marcas que deixou em mim. Junto, infelizmente, uma frustração. Uma daquelas que vira e mexe acontecem no trabalho. Afinal, nem sempre o que produzimos vai ao ar, ou é publicado. Por isso resolvi usar esse blog há tanto adormecido para algo realmente útil.

Na época da viagem, final de setembro de 2008, o Haiti havia acabado de passar por quatro furacões. O Conselho de Segurança da ONU estava para aprovar a prorrogação da missão de paz na época ainda chefiada pelo Brasil, a Minustah. E o brasileiro Luiz Carlos da Costa, funcionário de carreira da ONU, segundo na chefia civil da missão, ainda era vivo, e ainda falava com esperança sobre um futuro para o Haiti, que poderia - ainda pode - ser construído com o auxílio de outros países.

Fui numa comitiva do Ministério da Defesa, representando a Agência Brasil, junto com um fotógrafo. Também estavam na comissão um repórter e um cinegrafista da TV Brasil, uma repórter da Agência Lusa e uma repórter e um cinegrafista da Rede Globo.

Difícil esquecer a primeira passagem por Citè Soleil. Ou a ida a um Aciso em Porto Príncipe, com a distribuição não só de água ou alimentos, mas também de kits para higiene bucal e principalmente, carinho para crianças tão carentes de tudo, absolutamente tudo.

O que posto agora, deveria ter ido ao ar no máximo até depois das eleições municipais de 2008 na Agência Brasil. Contratempos impediram a publicação dentro do prazo. Depois não fazia mais sentido, jornalisticamente falando. Por isso vou publicando aqui os textos que iriam ao ar. Infelizmente não poderei colocar também os áudios coletados e as fotografias feitas pelo Roosewelt, grande fotógrafo.

Quem tiver paciência para a leitura, aproveite. Mas lembre: nem todos que tinham cargos continuam por lá. A maioria, não, afinal, o contingente militar é trocado a cada seis meses.