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30 março 2011

E agora, José?

O dia ontem no Senado foi triste. Não sei se para os senadores, mas para mim pareceu assim. Zé Alencar faleceu bem no dia em que o Plenário lembrava os dez anos da morte, também em decorrência de um câncer, de outro político de expressão, muito celebrado por suas muitas qualidades sempre destacadas por aliados e também por adversários: Mário Covas. Coisas da vida, que só Deus pode explicar.

Não tinha idade o suficiente para entender muito de política e dizer se fulano de tal era honesto ou só parecia ser. Mas pelo que me lembro, Covas era pra ter sido candidato à Presidência, não fosse a doença e a morte em 2001. Alencar era pra ter sido candidato no ano passado. Talvez ao governo de Minas, talvez novamente ao Senado. A doença mais uma vez não deixou.

Se há dez anos o Brasil perdeu um político de quem poucos ousam falar mal hoje em dia, ontem perdemos um homem que, no mínimo, se mostrou fiel às suas convicções quando, mesmo sendo vice-presidente, questionava a política de juros do governo de Lula. Um homem descrito por todos como um empresário de sucesso mas que, acima de tudo, acreditava na capacidade de desenvolvimento do Brasil. E muitos se perguntam: será que os bons sempre se irão antes de conseguirem cumprir tudo o que esperamos deles?

É, talvez seja para nos darmos conta de que não podemos depender da "sorte" para que pessoas minimamente decentes governem o país. Alguém aí ainda lembra que a escolha é feita por nós, na urna, ou que deveria ser assim, pelo menos? Talvez não tenhamos mais alguns dos homens em quem se depositava esperança de um país melhor. Mas que seus exemplos estejam sempre vivos na memória, para que escolhamos melhor quem os vai suceder.

O que sei é que Deus chamou um cara que no início dos trabalhos legislativos de 2010 emocionou a muitos ao dizer que só Deus poderia definir quando ele iria, disse com firmeza que, se Deus não quisesse, não seria um câncer que iria tirar sua vida, mas que se a vontade dEle fosse outra, até uma gripe simples o levaria. Ele lutou com todas as armas que tinha para permanecer vivendo. E, sim, isso é um belo exemplo.

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