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12 setembro 2005

Nem totalmente sulista, nem totalmente nordestina

“Idealista” e “religiosa”, nas suas próprias palavras. Leitora assídua de Harry Potter. Viciada em Internet. Admite que bebe, mas logo nega que seja usuária de drogas. Sonha com um carro de pequeno porte. Opositora ferrenha a temas polêmicos, como a legalização do aborto, do casamento gay, da eutanásia. Não se lembra da última vez que chorou. Usando camisa branca, calça preta, salto preto-e-branco, brinco com uma estrela, colar e seu inseparável óculos, Ana Luiza Zenker Dall’Igna respondeu às mais variadas perguntas de seus colegas, que tiveram a oportunidade de conhecê-la um pouco melhor durante a aula de Oficina Avançada de Narrativas.

Ana Luiza nasceu em Curitiba e, com apenas quatro meses de idade, mudou-se para Maceió, onde viveu até encontrar seu nome na lista de aprovados no vestibular da Universidade de Brasília (UnB). Hoje, a curitibana está no quarto semestre de Jornalismo na UnB e, com um meio-sorriso no rosto, diz que gosta de Brasília e do curso. É a primeira da família que se enveredou pelo campo da Comunicação.

Quando disse aos parentes que queria fazer Jornalismo, alguns logo perguntaram se ela não desejava apresentar o Jornal Nacional. Sempre sonhou em trabalhar com jornal impresso. Começou recentemente a estagiar na Assessoria de Comunicação do Superior Tribunal Militar, onde produz “alguma coisa”.

Também recentemente iniciou o namoro com um estudante do 4º semestre de Administração Noturno chamado Eloy. “Por enquanto, é o homem da minha vida”, diz ela, sem esconder a empolgação. É luterana, como a mãe e o namorado, e não hesita em fazer planos para o futuro. Quer ter dois filhos. Considera o casamento uma instituição que deve ser levada a sério e sonha com um matrimônio que dure a vida inteira. Demonstra muita seriedade e firmeza ao falar suas opiniões e seus planos, ainda que às vezes sinta um visível constrangimento ao ter que responder a perguntas mais indiscretas.

Caso a UnB entre mesmo em greve, Ana Luiza já tem esboçado um Plano B: com as manhãs livres, dedicará o tempo livre a leituras, à pesquisa e ao portfolio de Fotojornalismo. A estudante de Jornalismo acha justas as reivindicações dos professores, mas torce para que a greve não se concretize.

Quando perguntada sobre o que gosta de assistir na televisão, demonstra ojeriza aos programas de Gugu e Ratinho. Apenas liga a TV para acompanhar os telejornais. Seu gosto musical é dos mais variados, incluindo Ivete Sangalo, Enya e Legião Urbana. Emocionou-se com O pianista, de Roman Polanski. Aliás, filmes que abordam a 2ª Guerra Mundial a atraem bastante, remetendo ao passado de sua família. Fala com muita emoção do passado de seus familiares na Alemanha e na Áustria, de onde acha que se origina o Zenker de seu sobrenome.

A mãe, ortodontista, mora atualmente em Maceió; o pai, em Petrópolis, com a esposa. Em breve, a universitária deverá se mudar para uma república. Morando sozinha no Distrito Federal, Dall’Igna considera a sua casa híbrida: “nem totalmente sulista, nem totalmente nordestina”. E será que ela também não é?

Diz que sente seu lado racional mais forte, porém reconhece que às vezes é passional. Acha-se muito calada, “certinha demais”, ainda que tente várias vezes demonstrar o contrário. Como pôde ela, tão tímida e calada, levantar-se rapidamente para ser entrevistada pelos colegas de sala? Independentemente das respostas que possam surgir, não há dúvidas de que Ana Luiza Zenker Dall’Igna realmente tem certeza de tudo que faz.

(Texto escrito pelo amigo Rafael Moraes, que insiste em me chamar de nazi)

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