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21 outubro 2004

“...
- Ainda pensas em Pela? – perguntou de repente. – Ainda pensas em teu pai e tua mãe, no tempo em que éramos crianças e corríamos a cavalo pelas colinas da Macedônia? Nas águas dos nossos rios e dos nossos lagos?
(...)
- Sim, muitas vezes, mas são como imagens distantes, como coisas que aconteceram há muito tempo. A nossa vida é tão intensa que cada hora vale por um ano.”
(Aléxandros, V. M. M.)

Ler esse pequeno trecho fez-me pensar um pouco em mim, na minha situação aqui em Brasília. Tudo bem que não procuro algo de proporções tão grandes como as conquistas de Alexandre Magno, pelo menos em relação à maioria das pessoas. Não para mim. Vim em busca de um sonho: o jornalismo, uma realidade te então completamente nova.

Mas o que mais me faz refletir nessas palavras foi a resposta de Alexandre. Penso muito em Maceió, em tudo que vivi, os amigos que fiz, tanta coisa que ficou para trás. Muita coisa que hoje me parece tão distante... Não, não consigo mais me imaginar mornado lá de novo. Não que eu consideraria um retrocesso. Só não me soa mais possível, real. (Essa é a minha resposta aos muito que perguntam se eu volto)

Cada hora que passa me liga mais um pouco a essa cidade no meio do Planalto Central. Minha vida agora é aqui, minha realidade é essa, por mais que eu mantenha ligações com Maceió. Até quando? Não sei, só o tempo vai me mostrar.

Não quero nem estou quebrando laços, escolhendo o “novo” em detrimento do “antigo”. É difícil explicar. Simplesmente é assim.

(lágrimas contidas, no aeroporto de Brasília, esperando o embarque para Maceió)

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